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Collor afirma que presença de Bolsonaro em manifestação foi 'nitidamente organizada'

Política

Collor afirma que presença de Bolsonaro em manifestação foi 'nitidamente organizada'

'A gente tem experiência nessa questão de manifestação e como são feitas', disse o ex-presidente, em entrevista a Mário Kertész na Rádio Metrópole hoje (22)

Collor afirma que presença de Bolsonaro em manifestação foi 'nitidamente organizada'

Foto: Waldemir Barreto/Agência Senado

Por: Matheus Simoni no dia 22 de abril de 2020 às 09:35

O ex-presidente da República e atual senador pelo estado de Alagoas, Fernando Collor (PROS), criticou a participação do presidente Jair Bolsonaro (Sem partido) em manifestações que pediam uma ruptura democrática e instituição de atos que remetem à ditadura militar. Os protestos ocorreram na última semana e contaram, além da presença do chefe do Executivo, com apoio de parlamentaras, o que motivou um inquérito proposto pela Procuradoria-Geral da República (PGR) e que agora tramita no Supremo Tribunal Federal (STF).

Para Collor, Bolsonaro se organizou para ir ao ato. "A presença dele nessa manifestação foi nitidamente organizada. A gente tem experiência nessa questão de manifestação e como são feitas", disse, em entrevista a Mário Kertész na Rádio Metrópole hoje (22).

"As faixas eram todas feitas no mesmo local. O pano verdinho claro e as mesmas letras e mesmas tintas. As bandeiras eram exatamente iguais, mesmo tamanho e coloração. Tudo igual. É tipicamente algo organizado. Aqui em Brasília, o QG do Exército, fica muito distante do centro da cidade. Aqui em Brasília as distâncias são grandes, mas o QG fica distante. Aquele mundo de gente que apareceu no quartel-general, no dia do Exército, fazendo aquela manifestação, com a mesma palavra de ordem e mesmas faixas sendo pintadas, com o mesmo tecido e bandeiras exatamente iguais em seu tamanho e coloração, salta os olhos", acrescentou o ex-presidente, ressaltando que se tratou de uma "manifestação orquestrada e organizada".

Collor acrescentou que a fala de Bolsonaro, na qual ele se autointitula 'a Constituição', é incorreta. Na avaliação do senador, é necessário ressaltar que o presidente da República tem por obrigação obedecer ao texto constitucional. "Foi autorizada essa investigação em quem está por trás dessa manifestação que conspira contra a democracia e os preceitos fundamentais da carta constitucional, que o presidente de forma equivocada diz que é ele. Não, a constituição não é ele. Está acima dele e todos nós. Está tão acima que o presidente da República, nós quando assumimos, colocamos o nome da Constituição, juramos cumprir a Constituição. Ela está acima de todos nós e o presidente não é a Constituição. Ele está abaixo e ele, como mandatário dela, tem o dever inalienável de fazer com que ela seja cumprida", afirma

De acordo com Fernando Collor, no momento em que as faixas e os gritos de ordem conspiram contra a Constituição, pedindo pela volta do regime militar, AI-5 com Bolsonaro na presidência, fechamento do Congresso e STF, fica caracterizado um "atentado brutal e inominável ao texto constitucional e, por conseguinte, ao processo democrático e estado democrático de direito".

"Precisamos delas[instituições] rígidas. São equívocos que ele vem cometendo que têm repercussões. Qualquer ato de uma pessoa normal teria repercussões, imagine o presidente. São consequências muito grande e nefastas. Não sei onde isso pode dar. Caminhando nessa maneira, não tem como dar certo. Nem o combate à pandemia, essa harmonia entre os poderes e construção de maioria no Congresso Nacional. É um non-sense absoluto", comentou o senador.

"Uma demonstração de que não sabe para que lado ir. Está como a biruta, que se move a favor do vento que está batendo", acrescenta.

Confira a entrevista completa aqui: