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Filósofo defende impeachment de Bolsonaro e alerta para 'risco fascista' no país

Política

Filósofo defende impeachment de Bolsonaro e alerta para 'risco fascista' no país

'Bolsonaro não tem nenhuma ideia do que é ser presidente da República', afirma Vladimir Safatle

Filósofo defende impeachment de Bolsonaro e alerta para 'risco fascista' no país

Foto: Walter Craveiro/Flip

Por: Matheus Simoni no dia 06 de maio de 2020 às 13:22

O filósofo Vladimir Safatle, professor livre-docente da Universidade de São Paulo, assinou um dos pedidos de impeachment contra o presidente Jair Bolsonaro (Sem partido) e fez críticas a respeito do viés autoritário do governo. Em entrevista a Mário Kertész hoje (6), durante o Jornal da Metrópole no Ar da Rádio Metrópole, ele afirmou que o país vive a difícil missão de passar por uma crise de saúde e uma crise política.

"Somos obrigados a suportar duas crises ao mesmo tempo: uma crise sanitária extremamente série, que tem feito um número incontável de mortos e tristeza das famílias. Somos um dos focos na pandemia no mundo inteiro. Ao mesmo tempo, com uma política completamente inadequada. Uma política na qual os governadores de estados são obrigados a tomar as decisões enquanto o governo federal atrapalha, desmobiliza as ações, coloca a população em risco e se mostra indiferente em relação às mortes e ao impacto das falas e ações", declarou Safatle.

Ainda de acordo com o filósofo, as falas e ações de Bolsonaro representam um risco de instaurar o fascismo no país. "Há um risco fascista no país, no sentido mais analítico do termo. Se a gente admitir que o fascismo tem pelo menos quatro características fundamentais, culto da violência, insensibilidade absoluta em relação às classes mais vulneráveis, uma concepção paranoica de estado e uma transferência de poder a uma instância central para estar acima de qualquer poder, não está distante de nossa realidade", disse o professor. 

"Se levarmos em conta que existe uma história do fascismo brasileiro, e é real, da Ação Integralista Brasileira, dos anos 30, tinha 1,2 milhão de membros. Plínio Salgado, quando candidato à presidência em 1955, teve 10% dos votos, isso depois da morte de Getúlio e depois da Segunda Guerra. Há uma parcela da população brasileira que tem um tipo de experiência e afeto social marcado pela indiferença", acrescentou. 

Para Safatle, não há nenhum espectro de oposição que promova um debate ou uma forma de combater o bolsonarismo. "Acho que não há nenhuma outra saída para o país como o impeachment e acho absurdo que a oposição não se organize de maneira forte em relação a isso. Eu mesmo assinei, junto com alguns deputados, um pedido de impeachment que está lá na gaveta do sr. Rodrigo Maia", revela.

"Insisti nesse aspecto porque já ficou muito claro que a população brasileira volta a insistir numa situação como essa, onde o mínimo que se esperava era um governo que, ao invés de ficar pensando em sua sobrevivência, de seus pares e sua família, que assumisse sua responsabilidade e criasse uma situação de união nacional, convergisse com todo mundo, com oposição, governadores, suspendesse os problemas políticos por um momento e falasse que agora temos uma questão fundamental, que é a sobrevivência da população brasileira, agindo com todas as forças possíveis", declarou o filósofo, que aponta a péssima imagem do Brasil no mundo. 

"O novo Brasil virou um exemplo mundial do que não fazer nessa situação. Corremos o risco de ser o país que vai ter o maior nível de infecção absurdo, sem conseguir paralisar o processo e ser submetido pelo mundo inteiro a uma espécie de cordão sanitário global. Daqui a dois ou três meses vai querer que um brasileiro viaje ou comprar produtos brasileiros. Quem vai comprar produtos de um país todo infectado?", questiona. 

Confira a entrevista completa: