Janio de Freitas critica falta de reforma no currículo das academias militares "problema de toda América Latina"

O jornalista Janio de Freitas criticou o currículo das academias militares e relembrou uma proposta de reformulação do ensino anterior ao golpe militar de 1964 durante o programa Três Pontos, na Rádio Metropole.

"Antes de 64, houve uma tentativa de reformulação do ensino nas academias militares não alinhada ideologicamente. [...] Foi constituída uma comissão nomeada com uma proposta de ensino sensata, reformadora e inovadora. A proposta foi vetada porque incluía uma das cadeiras chamada Introdução à Sociologia. Foi considerada por isso, como toda a sociologia é considerada entre militares, como ideológica e comunista", declarou. 

Segundo o jornalista, como previsto, uma espécie de "lavagem cerebral" persiste entre os militares, perpetuando discursos ideológicos e partidários. Esta prática, enraizada desde épocas anteriores, ainda se mostra presente, representando um desafio à democracia. 

Janio ainda destaca que este não é só um problema do Brasil, unicamente. "No caso da América do Sul, é de todos os países, e na América Central, um outro caso, de reforma", explicou. 

"Com a formação de lavagem cerebral, o resultado pode ser esse, e nós civis, cidadãos, trabalhadores, não podemos fazer nada. [...] Temos que considerar a cretinice do que é dito, lamentar se for o caso, e, se for possível, esperar a repetição [dos discursos antidemocráticos], da mesma maneira ou de outra forma."